Wednesday, December 16, 2009

Rumble Fish


Eu não sou uma mulher nota 100. Tem dias que eu mesma me assusto. E acordar ao meu lado nunca foi boa idéia, porque ninguém tem a cara de sono que eu tenho. Meu cabelo é um suplício, daqueles que nem o formol mais potente, da jeito. E eu tenho o nariz quebrado e os olhos caídos, igual ao de quem fuma maconha o tempo inteiro. E fazem oito anos que eu não coloco um cigarro de maconha na boca. Fora isso, eu sou completamente estranha. E teria até receio de lhe contar tudo que já me aconteceu. Porque posso te assustar com tanta coisa sem nexo e confusões que já se passou/passa pela minha cabeça. Tem, claro, também o lado bom; sei que tenho o corpo lindo por exemplo. Mas na verdade, isso é uma faca de dois gumes e nem sempre me deixa bem. Tenho um jeitinho de ver as coisas, igual daquelas pessoas que atravessaram a ponte, e isso, eu sei, não é seu caso. E o engraçado é que o povo do lado de lá, consegue ver em mim tamanha intensidade. E é bem essa a palavra. Sou intensa para quem sabe olhar. E com certeza, mesmo com uma caralhada de aspectos negativos que eu possa ter, a intensidade é tão forte, que sempre fiquei cercada de pessoas magníficas, que se envolvem profundamente comigo.
Este como disse, não é seu caso, já que ao seu lado, eu deixo de me mostrar intensa com medo de você não entender, ou com receio que você se vá. Eu consigo crer como você poderia passar para o outro lado da ponte, mesmo, mesmo. Mas a questão é que você esta tão bem por aí, que realmente não é necessário tal caminhada.
E quando eu me envolvi com você, não sei porque isso foi ganhando força, aliais, nem sei o nome que isso tem. Mas de fato, meu carinho por você cresceu mais rápido, antes que você pudesse se tocar que andava mesmo mexendo comigo. Depois fui transbordando sentimentos e inseguranças e sem que eu pudesse mais esconder, você já estava sabendo o que estava se passando. Diante de suas reações, ora abertas, ora fechada, fiquei com mais medo ainda de lhe mostrar que sou uma super mulher. Que piro, que viajo, que desando legal, mas que tenho momentos de luz imbatíveis e sei amar igual Vinicius de Morais.
Sabe, não sou nem de longe as garota dos seus sonhos, e isso, claro, me machuca um bocado. Porque tenho ciência que me relacionar com você é também querer ligar os dois lados da ponte. Porque assisto minhas necessidades e vejo que quero ser não apenas de um lado, como quem fica ilhado nas idéias e sai andando por aí em vão achando que a vida é assim mesmo, sem concerto. Eu acredito na união da minha intensidade absurda com a normalidade do cotidiano.
Me encanta isso em você, essa sua calma feroz da até medo, essa sua ausência de problemas, pode até me afetar. Ao mesmo tempo, quando você inexplicavelmente é toda a arte, tenho vontade de te levar comigo. Mas o dia nasce e você é de Oxossi. E volta a ter uma normalidade de menino novo que é, e eu te sigo com meus olhos para ver onde estaria o homem. Veja bem, não tem nada de errado em você ainda ser menino. Você cabe dentro do tempo, você acerta em quase tudo. Quero engolir todas as horas para o sempre e estancar cenas lindas em meu coração para que eu possa lembrar por mais cem anos, tudo que me ocorreu. E esse meu desespero desenfreado, é seu oposto? Tem vezes que eu acho que sim, mas pelo menos agora, estou achando que não é minha intensidade que vai te envolver, muito menos minhas cobranças sem ponto nem nexo de quem quer você só pra mim. Como seu eu tivesse, ora veja, esse poder. Essa pressa desgarrada, essa insegurança, sempre acaba me atrasando. E porra, eu ando meio cansada de correr feito maluca, abrir a porta e não ver nada dentro. Estou quase que sentando naqueles bancos brancos de ferro, iguais aos da pracinha, para descansar um pouco. Eu acho que posso ver, você passar de mãos dadas com uma menina tão linda que vai me fazer fechar os olhos e imaginar você com aquela calma, abrindo a porta e encontrar tudo que quer ver por lá. Você a deixa entrar primeiro, cavalheiro que é (mentira) e ela, sorrindo vai passar. Eu estou sentada no banco mas logo me deito com as pernas dobradas, joelhos para cima em busca de ar. Quase que não respiro.

1 comment:

Letícia Brito said...

minha sogra é intensa, como a Bebel