Tuesday, December 29, 2009


Enquanto isso...


-E aí, eu saí, mas tinha esquecido o celular em ca... tá ouvindo?
-Uhm... sim.
-Não quer conversar, é?
-Quero, claro... conversa aí.
-...

Sunday, December 20, 2009


Ao André Pereira
(Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada
Agora não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada
Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar faca amolada
Irmão, irmã, irmã, irmão de fé faca amolada
)


Dessas coisas que a gente não explica, igual quando acorda sem vontade de tomar uma cerveja mesmo com o cheiro de feijão na panela e o freezer cheio de latinhas geladas. Mesmo com o sol, que a gente quer tanto que saia para não morrer de tédio. Mesmo com uma piscina gostosa e amigos fumando cigarro. Nem vontade de fumar deu. Deu vontade de dormir em silêncio e as risadas só podem ser motivos de aborrecimento se elas vierem de pessoas completamente felizes e moralistas. O que não era, você bem sabe, o caso. Bem, sim, talvez um pouco. Mas isso é papo de mais pra frente, e você uma vez me disse que não tinha pressa em me conhecer melhor, eu aceito. Vamos deixar pra lá. Não tenho muito que dizer, e geralmente um bilhete é só um aviso. Estou aqui avisando que vou-me embora pra Pasárgada , lá eu sou amiga do rei. Estou dizendo o seguinte: se acaso sentirem minha ausência, eu fui porque não tive paciência. Já é Natal, não? Fico sempre esquisita nesta época do ano, e eu sei por quê. Mas não foi só isso. Também tentei ver meus motivos, mas eles se escondem, depois fazem ciranda, fico meio perdida. Tentei ver se por acaso era a primeira vez que isso me acontecia. Resgatei memórias de que por vezes eu me isolo mesmo e gosto de ver a interação, sem interagir. E tenho sono, muito sono. E não gosto de ser julgada por ter sono. Essa coisa da sociedade moderna de pôr ao sono uma negatividade como se dormir não fosse viver. E bem, sabe, André, eu até que vivo muito. Respeitem, por ora, meu sono, minhas esquisitices. -Obviamente que eu não iria lhes pedir isso-. E foi difícil ir embora. Não porque eu estaria na dúvida se ia ou não, difícil foi ficar pensando sobre o que vocês conversariam de minha atitude. Desculpem, sou péssima. Mas cheguei bem. Aqui, as energias eram outras. Tive uma noite muito boa e, pela manhã, uma discussão infame que dura até agora. Estou com fome e logo mais é Natal. Atente ao fato de que, ali, você e aquela morena querida são meus horizontes. Mas um certo ostracismo também habitava, por medo, por raiva de mim mesma, não consegui combatê-lo. Nem sempre gosto do que o espelho me reflete e saio fugida porque gosto de dar de cara comigo mesma sem ser avisada. Tenho um pedido ao Papai Noel: que ele me enfie dentro daquele saco vermelho dele e me leve ao Pólo Norte. É lá que ele mora?
Feliz Natal, faca amolada, meu querido amigo.

Wednesday, December 16, 2009

Rumble Fish


Eu não sou uma mulher nota 100. Tem dias que eu mesma me assusto. E acordar ao meu lado nunca foi boa idéia, porque ninguém tem a cara de sono que eu tenho. Meu cabelo é um suplício, daqueles que nem o formol mais potente, da jeito. E eu tenho o nariz quebrado e os olhos caídos, igual ao de quem fuma maconha o tempo inteiro. E fazem oito anos que eu não coloco um cigarro de maconha na boca. Fora isso, eu sou completamente estranha. E teria até receio de lhe contar tudo que já me aconteceu. Porque posso te assustar com tanta coisa sem nexo e confusões que já se passou/passa pela minha cabeça. Tem, claro, também o lado bom; sei que tenho o corpo lindo por exemplo. Mas na verdade, isso é uma faca de dois gumes e nem sempre me deixa bem. Tenho um jeitinho de ver as coisas, igual daquelas pessoas que atravessaram a ponte, e isso, eu sei, não é seu caso. E o engraçado é que o povo do lado de lá, consegue ver em mim tamanha intensidade. E é bem essa a palavra. Sou intensa para quem sabe olhar. E com certeza, mesmo com uma caralhada de aspectos negativos que eu possa ter, a intensidade é tão forte, que sempre fiquei cercada de pessoas magníficas, que se envolvem profundamente comigo.
Este como disse, não é seu caso, já que ao seu lado, eu deixo de me mostrar intensa com medo de você não entender, ou com receio que você se vá. Eu consigo crer como você poderia passar para o outro lado da ponte, mesmo, mesmo. Mas a questão é que você esta tão bem por aí, que realmente não é necessário tal caminhada.
E quando eu me envolvi com você, não sei porque isso foi ganhando força, aliais, nem sei o nome que isso tem. Mas de fato, meu carinho por você cresceu mais rápido, antes que você pudesse se tocar que andava mesmo mexendo comigo. Depois fui transbordando sentimentos e inseguranças e sem que eu pudesse mais esconder, você já estava sabendo o que estava se passando. Diante de suas reações, ora abertas, ora fechada, fiquei com mais medo ainda de lhe mostrar que sou uma super mulher. Que piro, que viajo, que desando legal, mas que tenho momentos de luz imbatíveis e sei amar igual Vinicius de Morais.
Sabe, não sou nem de longe as garota dos seus sonhos, e isso, claro, me machuca um bocado. Porque tenho ciência que me relacionar com você é também querer ligar os dois lados da ponte. Porque assisto minhas necessidades e vejo que quero ser não apenas de um lado, como quem fica ilhado nas idéias e sai andando por aí em vão achando que a vida é assim mesmo, sem concerto. Eu acredito na união da minha intensidade absurda com a normalidade do cotidiano.
Me encanta isso em você, essa sua calma feroz da até medo, essa sua ausência de problemas, pode até me afetar. Ao mesmo tempo, quando você inexplicavelmente é toda a arte, tenho vontade de te levar comigo. Mas o dia nasce e você é de Oxossi. E volta a ter uma normalidade de menino novo que é, e eu te sigo com meus olhos para ver onde estaria o homem. Veja bem, não tem nada de errado em você ainda ser menino. Você cabe dentro do tempo, você acerta em quase tudo. Quero engolir todas as horas para o sempre e estancar cenas lindas em meu coração para que eu possa lembrar por mais cem anos, tudo que me ocorreu. E esse meu desespero desenfreado, é seu oposto? Tem vezes que eu acho que sim, mas pelo menos agora, estou achando que não é minha intensidade que vai te envolver, muito menos minhas cobranças sem ponto nem nexo de quem quer você só pra mim. Como seu eu tivesse, ora veja, esse poder. Essa pressa desgarrada, essa insegurança, sempre acaba me atrasando. E porra, eu ando meio cansada de correr feito maluca, abrir a porta e não ver nada dentro. Estou quase que sentando naqueles bancos brancos de ferro, iguais aos da pracinha, para descansar um pouco. Eu acho que posso ver, você passar de mãos dadas com uma menina tão linda que vai me fazer fechar os olhos e imaginar você com aquela calma, abrindo a porta e encontrar tudo que quer ver por lá. Você a deixa entrar primeiro, cavalheiro que é (mentira) e ela, sorrindo vai passar. Eu estou sentada no banco mas logo me deito com as pernas dobradas, joelhos para cima em busca de ar. Quase que não respiro.

Tuesday, December 15, 2009


Hoje eu acordei vazia. Com uma vontade de nada e dor no estomago e uma raiva que eu não saberia de onde vinha. Não era só raiva, eram coisas que ainda não achei palavras. Porque acho as palavras poucas e as vezes eu sinto coisas que não posso dar nomes. Não dar nomes me deixa confusa. Não sei o que sinto. E não conseguir nomear as coisas me da vontade de amassar um outdoor , chutar um poste, deitar na cama, dormir por nove, noventa horas. Quero sonhar que vou voar e que bem de longe, igual na porra do Google maps , ver a cidade, e se chegar mais pertinho, me ver também. Me ver sendo maluca. Mas maluca também não define. Sofro com isso. Quero achar as palavras para que como um curativo, elas possam estancar minhas dores, meus vacilos. Não sei escrever, logo, não sou nada. porque sinto que preciso achar nome as coisas, sentidos as avessas e se, caso eu não ache o que estou sentindo, me sinto ninguém. Me enfureci agora pouco, como uma louca que cega ao ver coisas que desconfortam. Queria me ver de longe. Sair de mim e poder me dar um empurrão. Tenho perdido coisas materiais, tenho perdido o caminho de uma possível sanidade e ao meu redor, meus amigos brindam a isso com cervejas geladinhas e eu fico sonsa e preocupada, mas nada digo e as vezes até me mereço. Por hora, concordo em me chamar de louca porque assim eu me amorteço de todas as explicações que me coçam na hora em que deito. Meu sono sempre vence e eu durmo como quem pode se levantar na sala sem ser percebida aos outros. Mas não acho as palavras. E esse sentimento de não nome vai em busca de mim, nos sonhos que tenho como se assim, ele pudesse ser mais ele, já que não precisa de um nome, um sentido. Mas são nos sonhos que eu me sinto mais presa. Pois lá diante do meu inconsciente, sabe, não sou ninguém. Não mando em nada e até gosto de assistir toda a fúria do meu por dentro. Eu fora, eu dentro, eu ninguém.

(Acho que eu confiaria em você se você pudesse ao menos me dar uma tranqüilidade vinda das palavras. Mas você se cala e some e me confunde e eu te cobro, te forço e você vai dormir. Como quem não vê o mesmo quadro que eu vejo no museu de nos dois. Tento ver seus aspectos e juro que faço força para ver as mesmas imagens que você. Mas meus olhos, veja bem, meus olhos precisam de suas palavras.
Acho e apenas acho que eu confiaria em você. Mas sozinha, o que vejo me assusta. E se você continuar calado, eu terei que deixar o museu. Desolada, é verdade. Mas bem mais forte, como sempre me saio quando o quadro fica só de uma cor.)

Depois você diz assim, que eu sou bem normal. E que não entende o porque deu me achar tão esquisita. E eu, daqui de dentro de mim, tenho medo de você perceber que sou infinitamente estranha. Que eu tenho pensamentos loucos daqueles que suas mulheres normais e ridículas, jamais teriam. Que eu, sou cheia de remorso e carinhos infundados e que gosto de quando estamos juntos. Mas que mesmo assim, eu mereço palavras. Que eu, principalmente, morro de medo de que você saia correndo quando o carnaval chegar. Ou quando eu carnavalisar e você se tocar que estava mesmo lidando com uma mulher maluca louca, iguais as daqueles filmes que você acha um saco assistir.

Thursday, December 03, 2009

a morte o corpo leva

André diz:
minhas apostas pra mortos em 2010....Samuel L Jackson, Hebe, Caubi Peixoto, Eu
Bebel diz:
UAHUAHAUAHUAHAUHAUAHAUHAUHAUAHUA
UAHAUHAUHAUAHAUHAUAHAUHAUHAUHA
AUHAUAHAUHAUAHAUHAUAHAUAHUAHAU

S2

"Lembrei-me vivamente de uma conversa que nós três tivéramos alguns dias antes. Kátia havia dito que é mais fácil para o homem amar e expressar o seu amor do que para a mulher.

- O homem pode dizer que está apaixonado, mas a mulher, não - disse ela.

- Pois eu penso que o homem também não deve e não pode dizer que está apaixonado - disse ele.

- Por quê? - perguntei.

- Porque será sempre uma mentira. Que tipo de descoberta é essa, de que uma pessoa está amando? Como se, dizendo isso, alguma coisa desse um estalo: clique! - e algo fora do comum deveria acontecer, algum sinal, como todos os canhões atirando ao mesmo tempo, por exemplo. Penso - continuou - que quem pronuncia as palavras "eu te amo" ou está se enganando, ou está enganando os outros, o que é pior."



Tolstoi em Felicidade Conjugal

a vovó, ao amigo

Hoje, dia três de Dezembro de 2009, minha avó se foi. Como se no dia não fosse apenas mais um daqueles que a gente se olha e janta e vê novela. Hoje como mais um dia de chuva de tédio e loucura, minha avó. Morreu de tudo um pouco, como se na vida, um pouco de tudo matasse a gente. Morreu de agüentar. E nós nos olhamos, não sorrimos nem aceitamos como se um novo rasgo no nosso peito cheio de dor anestesiada, voltasse a incomodar. Lembrei de todas as perdas. Lembrei da primeira, e no entanto, o peito já sabe, e pois a me avisar, que não será a ultima. Lembrei do meu pai morrendo e não quis olhar. Lembrei de meu vô morrendo e não soube chegar perto. Lembrei de minha mãe na cozinha, nos contando da morte de sua mãe. Lembrei como era ter seis anos de idade e pensar sobre isso. Lembrei de meu abandono, tentei entrar em mim e por para saltar alguns atos que dormem de cansaço, quando preciso agir quando perco algo. Não sei fazer balanços, não sei fazer mudanças. Não consigo. Olhei para meu irmão, olhei para minha mãe. Olhei para o fluminense tentando 4 gols no dia 3, em que minha avó morreu, com noventa. Queria pedir a deus que minha mãe possa ver meus filhos. Queria pedir a mim mesma, que tudo isso. Mas não sei lidar. Hoje morreu minha avó e se foi junto dela, um pouco de mim que estava apagado. Pensei nos olhos, no seu bairro. Nos almoços e lembrei de meu pai. Como se no peito, anestesiado de perdas, resgatasse algo. Achei importante ressaltar todo o mal que lhe fiz e brotar uma flor tão bonita que plantei em sua terra, em sua areia de ilha. Para que em vida, eu possa sempre estar contigo e soubemos fazer isso. Minha avó se foi, deixando uma semente. Eu resolvi plantar em você. Por isso que logo que soube, insisti lhe contar. Não queria afagos nem palavras maravilhosas dessas que a gente fala em sinal de consolo. Porque você sabe, eu sei, não resolvem nada. queria saber em que fundo de mar, ela agora esta. Como se a cada mergulho eu pudesse ganhar sua energia. E depois rodar, e encantar, como você fez por toda a vida. E que se um pouco de você, ficou em mim, que seja, essa sua garra. E de como você agüentou a vida e o amor indo embora e soube reclamar. Eu não soube ouvir. Nem agüentar. Me desculpe? Não sei se é isso. Mas quero lhe dizer que se um pouco de você ficasse em nós, iríamos ser mais fortes. E eu vou mergulhar.