Tuesday, December 15, 2009


Hoje eu acordei vazia. Com uma vontade de nada e dor no estomago e uma raiva que eu não saberia de onde vinha. Não era só raiva, eram coisas que ainda não achei palavras. Porque acho as palavras poucas e as vezes eu sinto coisas que não posso dar nomes. Não dar nomes me deixa confusa. Não sei o que sinto. E não conseguir nomear as coisas me da vontade de amassar um outdoor , chutar um poste, deitar na cama, dormir por nove, noventa horas. Quero sonhar que vou voar e que bem de longe, igual na porra do Google maps , ver a cidade, e se chegar mais pertinho, me ver também. Me ver sendo maluca. Mas maluca também não define. Sofro com isso. Quero achar as palavras para que como um curativo, elas possam estancar minhas dores, meus vacilos. Não sei escrever, logo, não sou nada. porque sinto que preciso achar nome as coisas, sentidos as avessas e se, caso eu não ache o que estou sentindo, me sinto ninguém. Me enfureci agora pouco, como uma louca que cega ao ver coisas que desconfortam. Queria me ver de longe. Sair de mim e poder me dar um empurrão. Tenho perdido coisas materiais, tenho perdido o caminho de uma possível sanidade e ao meu redor, meus amigos brindam a isso com cervejas geladinhas e eu fico sonsa e preocupada, mas nada digo e as vezes até me mereço. Por hora, concordo em me chamar de louca porque assim eu me amorteço de todas as explicações que me coçam na hora em que deito. Meu sono sempre vence e eu durmo como quem pode se levantar na sala sem ser percebida aos outros. Mas não acho as palavras. E esse sentimento de não nome vai em busca de mim, nos sonhos que tenho como se assim, ele pudesse ser mais ele, já que não precisa de um nome, um sentido. Mas são nos sonhos que eu me sinto mais presa. Pois lá diante do meu inconsciente, sabe, não sou ninguém. Não mando em nada e até gosto de assistir toda a fúria do meu por dentro. Eu fora, eu dentro, eu ninguém.

(Acho que eu confiaria em você se você pudesse ao menos me dar uma tranqüilidade vinda das palavras. Mas você se cala e some e me confunde e eu te cobro, te forço e você vai dormir. Como quem não vê o mesmo quadro que eu vejo no museu de nos dois. Tento ver seus aspectos e juro que faço força para ver as mesmas imagens que você. Mas meus olhos, veja bem, meus olhos precisam de suas palavras.
Acho e apenas acho que eu confiaria em você. Mas sozinha, o que vejo me assusta. E se você continuar calado, eu terei que deixar o museu. Desolada, é verdade. Mas bem mais forte, como sempre me saio quando o quadro fica só de uma cor.)

Depois você diz assim, que eu sou bem normal. E que não entende o porque deu me achar tão esquisita. E eu, daqui de dentro de mim, tenho medo de você perceber que sou infinitamente estranha. Que eu tenho pensamentos loucos daqueles que suas mulheres normais e ridículas, jamais teriam. Que eu, sou cheia de remorso e carinhos infundados e que gosto de quando estamos juntos. Mas que mesmo assim, eu mereço palavras. Que eu, principalmente, morro de medo de que você saia correndo quando o carnaval chegar. Ou quando eu carnavalisar e você se tocar que estava mesmo lidando com uma mulher maluca louca, iguais as daqueles filmes que você acha um saco assistir.

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