Thursday, December 03, 2009

a vovó, ao amigo

Hoje, dia três de Dezembro de 2009, minha avó se foi. Como se no dia não fosse apenas mais um daqueles que a gente se olha e janta e vê novela. Hoje como mais um dia de chuva de tédio e loucura, minha avó. Morreu de tudo um pouco, como se na vida, um pouco de tudo matasse a gente. Morreu de agüentar. E nós nos olhamos, não sorrimos nem aceitamos como se um novo rasgo no nosso peito cheio de dor anestesiada, voltasse a incomodar. Lembrei de todas as perdas. Lembrei da primeira, e no entanto, o peito já sabe, e pois a me avisar, que não será a ultima. Lembrei do meu pai morrendo e não quis olhar. Lembrei de meu vô morrendo e não soube chegar perto. Lembrei de minha mãe na cozinha, nos contando da morte de sua mãe. Lembrei como era ter seis anos de idade e pensar sobre isso. Lembrei de meu abandono, tentei entrar em mim e por para saltar alguns atos que dormem de cansaço, quando preciso agir quando perco algo. Não sei fazer balanços, não sei fazer mudanças. Não consigo. Olhei para meu irmão, olhei para minha mãe. Olhei para o fluminense tentando 4 gols no dia 3, em que minha avó morreu, com noventa. Queria pedir a deus que minha mãe possa ver meus filhos. Queria pedir a mim mesma, que tudo isso. Mas não sei lidar. Hoje morreu minha avó e se foi junto dela, um pouco de mim que estava apagado. Pensei nos olhos, no seu bairro. Nos almoços e lembrei de meu pai. Como se no peito, anestesiado de perdas, resgatasse algo. Achei importante ressaltar todo o mal que lhe fiz e brotar uma flor tão bonita que plantei em sua terra, em sua areia de ilha. Para que em vida, eu possa sempre estar contigo e soubemos fazer isso. Minha avó se foi, deixando uma semente. Eu resolvi plantar em você. Por isso que logo que soube, insisti lhe contar. Não queria afagos nem palavras maravilhosas dessas que a gente fala em sinal de consolo. Porque você sabe, eu sei, não resolvem nada. queria saber em que fundo de mar, ela agora esta. Como se a cada mergulho eu pudesse ganhar sua energia. E depois rodar, e encantar, como você fez por toda a vida. E que se um pouco de você, ficou em mim, que seja, essa sua garra. E de como você agüentou a vida e o amor indo embora e soube reclamar. Eu não soube ouvir. Nem agüentar. Me desculpe? Não sei se é isso. Mas quero lhe dizer que se um pouco de você ficasse em nós, iríamos ser mais fortes. E eu vou mergulhar.

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