Thursday, October 22, 2009

-Primeiro inteiro pensamento, logo após-

Permita-me

Permita-me ousar algumas palavras a você.
Permita-me não ser mais sua.
Permita-me nosso fim.
Permita que eu siga só, te odiando.
Permita-me poupar danos maiores.
Permita nossa amizade.
Permita um ódio se possível for.
Permita-me rever ascesa, confusa, intensa.
Permita-me falar. Sobre todas as coisas.
Permita minha confusão mental, minhas mentiras sobre a liberdade.
Permita-me separarmos.
Permita ser quem sou. Só mente e nua.
Permita-me correr outros riscos, provar outras doses.
Permita-me escolher o amor que quero viver.
Permita-me cuidados, anseios, flagelos.
Permita-me coragem.
Permita-me prender, me soltar, eu mesma, sem você.
Permita-me não mais lhe falar, te seguir,
me causar.
Permita-me rumos, não os fecho, não os abra.
Permita-se ter.
Permita-me dizer não a você.
Ser teu caso, tua cama.
Permita-me tropeçar e cair e rodar,
sem lhe ter.
Permita-me me usar.
Permita-me.
Apenas permita-se a me deixar em paz.
Que eu não lhe permito-me mais.


-Segundo metade(a terminar) pensamento em seguida-

(descanse pequeno, sobre essa sombra que lhe embala.
desvie meu anjo, todas as mazelas trocadas.
recuse a próxima falha de seu desejo.
faça meu pequeno, as doses diárias da vida.
recorra-me entre suas lágrimas e descançe.
durma sobre o campo do fim da tarde e respire toda a alma que lhe rodeia.
gire meu pequeno, que o mundo esta a favor do vento.
a vida é para quem veio.
como num sopro dos jázidos velhos,
estamos a reciclar.)



-Terceiro e último pensamento, dividido em dois-

Parte 1:

era imprudente pensar sobre o dia que viria. tão pouco começar a ser feliz horas antes do destino traçar os cantos.
todas as forma de amor estariam livres antes do acontecimento. depois, se acumularam. e não pôde mais a mulher se desvencilhar
do que ocorria com seus movimentos presos. a cada gesto, uma dança do dito e feito. morreria em troca de todas as eternidades, para ter
aquilo que nem sabia o que era. falaram baixinho, que ela tinha é que acreditar em toda sua intensidade, igual quando ela ia ao cinema sozinha e
milhões de coisas passavam-se pela sua cabeça turbinática. ela queria comer algo que não sabia nem o gosto.

Parte 2:

correu livre de impedimentos, o juíz anunciaria o gol válido. marcava uma vitória, mas na outra quarta-feira, empatava o jogo.
a vida era um campeonato com mais de onze em campo. e ela seguia sem torcida organizada. quem a acompanharia nas semis-finais?
e se os pontos corridos estivessem a lhe prejudicar? não queria o rebaixamento e certos lances acharia que sairia injustiçada.
por muitas vezes, jogou a partida sem condições físicas alguma e mesmo assim, não lamentava. quando perdia, trocava de técnico.
e ora era o comentário geral de todos por ali. muitos lhe davam táticas diferenciadas de seu jeito de atuar em campo. tentando em vão seguir
outra linha, se perdia na partida. mudou de clube, mudou de cidade e respirou novos ares. o jogo nunca tinha endereço. e ela esperava o dia do clássico
chegar, tipo olho no lance. os lances meus caros, eram todos. de todos os dias. até ela entender que nem um jogo, é mesmo um jogo. e que as regras
são só limites impostos por alguém que algum dia, não se permitiu ir além. ninguém entenderia seus manejos e logo lhe diziam que a verborrágia iria
lhe afundar. aos quarenta e cinco do segundo tempo, era já segunda feira e fazia sol. ela acordou com um som esquisito vindo do rádio e desligou o aparelho
para pensar. o tempo acabou, o jogo estava perdido. muitos esquemas e regras das quais ela nunca ousou a entender. porque tinha medo e preguiça
e achava mais fácil jogar aberto.ela tomou um banho, pediu a toalha e foi embora. a verdade é que o campeonato, nunca iria ter fim.

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