Sunday, October 11, 2009


Casca de ovo, sanduíche de presunto, amor a qualquer custo, horas no ponto de ônibus, são minutos, enfim. Bolo de chocolate, futebol na tv, óculos escuros, lentes e oxigênio. Traições e falsidades, aspectos involuntários, vídeos caseiros, fórmulas exageradas. Mulheres chorando, banheiro de homem, samba-canção. Macarrão caseiro, rocambole de doce de leite, eu te vendo de longe. Eu sofrendo em vão. Corridinhas matinais, cachorro de rabinho cortado, uma mulher maluca em crise vira uma mulher normal. Uma coisa que abre, na outra coisa que cabe, é assim, meu coração. Nós nos usavámos. Eu só sabia de você. O sopro da gaita do homem que assoviou minha alma. Nós nos usávamos. O amigo do homem me chamando para sair. Nós nos usávamos. Um olhar logo ali, querendo me usar. Se eu não mais te usar, você vai pensar que eu te desprezo. O outro amigo e mais alguns olhares. Nós nos usávamos. Eu não sabia. Casca de pão, bolor no feijão, prato e garfo sujos e nós nos lençóis, nos usando. Canto dos passáros e táxis fora de frota, nós nos usando em pleno calor. Ele morava longe e me levava para usar na sua casa. Eu acordava de manhã usada. Ressaca moral de nos usar. Eu quero aprender a te usar. Um homem que ainda não perdeu a inocência e ainda não sabe que quer me usar é mais comovente. Um homem romântico que, além de tudo, quer me usar é mais comovente. Troca de casais, flores murchas, batata doce e nós morrendo de frio, nos usando. Rádio ligado, domingo à tarde, superbacana. Nós nos usamos até gastar. E agora eu não quero mais te usar.

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