Tuesday, February 17, 2009


Uma folha revirando surpresas,
grudada no suor de um tronco antigo,
é a palma estampada num quadro na sala de estar.
Nada resume ou divide a saudade do meu velho.
O meu velho engaiolava as horas na sacada e
soltava sobre mim um passaredo de instantes infinitos.
Eu alimentava os momentos com a mão,
enquanto eles cantavam e sacudiam as asas.
Meu velho sabia capturá-los. Meu velho sabia das coisas.
Meu velho era uma tocha fincada no meu vazio
e eu jamais precisei procurá-lo.
Meu velho era onipresente. Ele tinha voz de deus.

Meu velho tinha o coração vermelho,
e uma sangria desatada pelas aflições do mundo.
Ele era pelos vagabundos.
Meu velho era do balcão. Ele sabia entardecer.
Meu velho era bom de viver.
Meu velho tinha uma lei e que foi desrespeitada.
Mas não há de ser nada.
Tentaram me arrancar do meu velho.
Me encheram de falsas sequelas.
Eles não sabem que o meu velho é uma estrela
que vem pousar todas as noites na minha janela.


Renato M.

4 comments:

Anonymous said...

Gostei desse poema.Vc poderia dizer o sobrenome, queria saber mais desse autor.

Vc escreve lindamente, parabéns!

Abs

-Isabel Crozera- said...

AHHH TÁ


hahahahaa o nome dele eh renato martins

vá ao blog do terreiro grande para maiores informações rsrs

Anonymous said...

Obrigada.

Anonymous said...

Renato, você não tem vergonha na cara de escrever isso?
Lamentável.