Saturday, December 27, 2008


BEL-São Sebastião- diz:
fez senac ele, engenharia ambiental
M. diz:
nussa, nem sabia q inha eng lah!
BEL-São Sebastião- diz:
hahaa tem sim AMBIENTAL
M. diz:
AUehea.. q isso faz?
M. diz:
vira disksexo tds eles?
BEL-São Sebastião- diz:
uahauhauhauahua
BEL-São Sebastião- diz:
não sei, mas __****____ é o maior putão
M. diz:
nada prejudica mais o meio ambiente do que uma mulher subindo pelas paredes, faremos de tudo para proteger o ecosistema!
M. diz:
Tss.. piada de nerds e eu ..

Thursday, December 25, 2008

"Os pinheiros assobiam, a tempestade chega:
Os cavalos bebem na mão da tempestade.

Amarro o navio no canto do jardim
E bato à porta do castelo na Espanha.
Soam os tambores do vento.

'Overmundo, Overmundo, que é dos teus oráculos,
Do aparelho de precisão para medir os sonhos,
E da rosa que pega fogo no inimigo?'
Ninguém ampara o cavaleiro do mundo delirante,
Que anda, voa, está em toda a parte
E não consegue pousar em ponto algum.
Observai sua armadura de penas
E ouvi seu grito eletrônico.

'Overmundo expirou ao descobrir quem era',
Anunciam de dentro do castelo na Espanha.
'O tempo é o mesmo desde o princípio da criação',
Respondem os homens futuros pela minha voz."

Murilo Mendes
(Poesia Liberdade-1947)




Ninguém amparou meu cavaleiro quando ele surgiu doente. Se eu descobrisse, me mataria. Me atiraria do prédio, para sempre. Para ir, indo devagarzinho embora, junto de ti. Mas acontece que eu descobri, e não me matei. E o que se seguiu foi muito esquisito e eu bem, eu também, sou bem esquisita. Quando vivi uma novidade, era ele. Meu cavaleiro adoentado, indo embora e eu não saberia dizer, adeus meu velho, adeus. Eu não soube fazer visitas, eu não soube evaporar as angustias e dizer para você que tudo ia ficar assim, ou assado. Pois eu não sei de nada. Eu tinha um medo terrível de te ver enforcado pela vida, daquela janela escrita. Eu não era parte daquela nuvem da qual pensei em me atirar quando você descobriu que tudo estaria definitivamente diferente, para sempre.

Tudo isso para dizer que eu ganhei uns olhares e perdi tantos outros com a sua ida.
Sabe, na verdade, você foi embora me ensinando a temperar a vida.
Mas me tirou de mim mesma.

Eu vi um menino correndo
eu vi o tempo brincando ao redor
do caminho daquele menino,
eu pus os meus pés no riacho.
E acho que nunca os tirei.
O sol ainda brilha na estrada que eu nunca passei.
Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga.
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou.
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou.
Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.

Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista
o tempo não pára no entanto ele nunca envelhece.
Aquele que conhece o jogo, o jogo das coisas que são.
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão.
Eu vi muitos homens brigando. Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta,
é a coisa mais certa de todas as coisas.
Não vale um caminho sob o sol.
É o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol.
Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.

Tuesday, December 16, 2008


-Certamente alguém contara este fato melhor que eu. Mas a escrita se fez compulsa em mim, sem ao menos verificar antes se eu a faria com destreza.-

Ele era um assassino. Quem mata alguém na porrada, é um assassino? Quantos são os nomes que podemos dar as coisas facínoras que acontecem no mundo, da qual a natureza humana excluiu como comportamento normal?
Ele era um assassino. Foi assim que o chamaram quando ele matou aquele homem na porrada. Motivo, não teve. O motivo era favas. Que cor é sua camisa? Verde. Não gosto. Gosto de branco, matem aquele cara. E uma vida inteira, dessas igual a nossa, toda infinita, foi-se embora naquele momento. E o assassino, seguiu-se assassino.
Um belo dia lamentou tudo isso e pulou da cama querendo lavar a mancha de sangue que tinha em sua alma, mas nada ali removia. E ele seguiu com essa dor por anos. Mudou de vida, de mulheres, de amigos, focou suas especialidades em outros nós e foi muito bom no que fez. Mesmo com a dor que picava, principalmente a noite, quando uma lembrança impedia que seus sonhos fossem a diante.Odiava-se por ter feito parte daquilo e agora sentia uma estranha-nojenta saudades, de correr, de matar, de vomitar as tripas do mundo aos olhos de quem quisesse ver. Por que as tripas do mundo não podem ser escondidas.
Dormiu engolindo lembranças, viveu trocando hábitos, deixando a veia para trás, tomando doses diárias de um mundo que não era o dele. Que era o meu.

E é aí que eu entro neste conto. Eu vivia sentadinha de perna de índio na vitrine da realidade. Curiosa, vendo o assassino. Ele era o herói que meus contos de fadas jamais permitiram contar. Ele era muita coisa que sempre tinha a palavra “cuidado” atrás.
Eu sou a menina mais medrosa do mundo. Eu me arrisco tão pouco, que sempre dói muito toda essa cautela. O assassino inveja isso. Eu invejo o assassino.
Tempos atrás, ele veio me procurar e me pôr na parede sobre causos de uma vida nada. Sobre besteiras daquela que se diz quando se bebe trocentas cervejas na esquina de um bar. Ele não esbravejou. Não disse ao menos, um palavrão. Enquanto eu, do outro lado, medrosa, gritava perguntando se ele era Deus.Falou cada palavra num tom meigo, nem parecia que estava me odiando por eu não estar seguindo suas regras. Contou-me parte de sua correria excluindo todo seu passado mais bonito. E eu já estava sentadinha, esperando ele me contar historias de perna de índio.

-O assassino queria me roubar.-
O assassino me roubou. Roubou tudo aquilo que ganhei, que usufrui, tudo aquilo que me formou. Roubou meu amor pela poesia, pelo violão sete cordas daquele homem. Ele me roubou e disse bem assim: “você não entende nada disso”.
Como se isso não fosse minha vida, assassino, como se isso não me pertencesse, desde o dia que eu nasci.
Sabe de uma coisa? Tire tudo de mim. Dispa-me de todas minhas ridículas injurias, de meus legados fodidos. Jogue na minha cara meus medos. Conte-me com razão, sua razão. Mas jamais, assassino, jamais tente me roubar a poesia. Essa sim bateu a porta de minha casa, bem antes de você as sabe-las.Quando você me conta um verso, assassino, eu vomito a poesia inteira.

(Sabe de uma coisa? Tenho lutado para saber também.)