Wednesday, December 06, 2006

ceninha-2

Chegou em casa bêbada, muito bêbada, às seis horas da manhã. Abriu a porta, bateu o ombro na parede e foi direto pra cozinha:
Êta laia, vai chá de boldo ai?
Não pai, brigada, quero água mesmo.
Pega aqui, ó, tem gelada.
Brigada pai.
Noite longa, hein!?
Pois é, nem me fala...Pai?
Oi filha, o que você quer?
Eu vou lá pai.
Vai onde cacete?
Na casa dele.
Ah não Dorinha, de novo não filha.
Eu vou lá pai. Preciso resolver algumas coisas.
Cê tem noção de que horas são agora?
Foda-se preciso ir pra lá.
Bêbada deste jeito?
É pai, ou vou agora ou vou explodir.
Caralhooo, só não vai me perder a cabeça.

Saiu de casa ainda no comecinho da manhã pegou um ônibus até a casa dele.Chegando lá não lembrava o número do prédio e aquela espelunca não tinha porteiro. Ligou pra Luisa que atendeu ao telefone depois de muitos toques e disse: Oi Lú, é Dorinha, qual é o número do prédio do Dario?
Que?! Dorinha? Cê tem idéia de que horas são?
Tenho Lú, vou falar com ele agora meu. Vou subir lá e dizer que ele não pode fazer isso comigo.
Ta louca?! Aonde você esta?
Começou a ficar nervosa ascendeu um cigarro e disse: caralho já to aqui. Tô na frente do prédio, mas não sei a porra do número. Qual é a porra do número!?
Ai, merda você ta bêbada...é 23, não tenho certeza. Perái Dorinha tô indo pra aí.
Luisa morava perto da casa de Dario, o que sempre foi útil, de certa, forma ter o namorado e a melhor amiga envoltos nos mesmo quarteirão.
23. Ela tocou a campainha insistentemente depois de tentar o celular que ele não lhe atendera, então ele abriu a porta e saiu correndo. Ela subiu rápido. Chegando lá , a porta já estava aberta,mas ele não estava na sala. Luisa chegou logo em seguida, sentou-se na sala aguardando a amiga que estava no quarto berrando.
Fala comigo!
Falar o que?! Você é doente, eu tô com sono, quero dormir e não tenho nada pra te falar, você sabe disso. Que merda você esta fazendo aqui!?
Quer merda você esta fazendo comigo cacete! Não acredito que vai acabar, não pode ser, você não pode estar falando sério? Você me ama.
Não, você esta errada. Eu não te amo mais. Você conseguiu destruir todo o amor que eu tinha por você. Você acabou com o sentimento mais bonito que um dia eu senti. Vai embora daqui porra, eu não quero olha pra tua cara, me deixa dormir!
Dorinha ficou parada olhando pra ele deitado se recusando a olhar pra ela. Começou a chorar dizendo que ele estava fora de si. Começou a tremer e se desesperar a tal ponto que se ele a olhasse ia pedir em casamento, de dó. Mas ele não olhou. E ela segurou tantas coisas que queria falar, mas que de nada adiantaria, que resolveu ir embora... saindo do quarto olhou os quadros na parede e escolheu um. Pegou o quadro tacou em direção a cama onde ele estava deitado. O barulho do vidro foi forte para um sábado de manhã. Luisa deu um berro da sala e correu pro quarto.
Caralho Dorinha, vamos embora meu, vai...pegando do braço da menina.
Esse filha da puta! Esse escroto! Eu vim aqui resolver tudo! Você é um nojento, sem coração. Eu te odeio!
Isso Dorinha, falou calmo. Eu sou tudo isso, agora se manda daqui.
Todos foram a caminho da porta Dorinha chorava que parecia que ia derreter, Luisa estava assustada. Na porta do prédio dele, Dorinha chorando gritou bem alto: Seu filha da puta e meteu um murro na cara dele.
Ele gritou: vai se foder sua maluca sai daqui!

Os dois só se esqueceram que a porra do prédio não tinha porteiro e que a vontade de nunca mais se ver teria que agüentar a gentileza de Dario que acompanhou as meninas até a porta para poder abrir o prédio. Dorinha se deu conta disso no caminho, e para não terminar a façanha desse jeito amistoso, quando ele lhe abrira a porta Dorinha deu mais um murro na cara dele. Esse sim! Bem apanhado, na mira, redondinho. De acordo com uma briga de namorados.

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