Friday, September 22, 2006

Isabel, a pentelinha

Os homens às vezes dizem das mulheres que elas são frias e sem coração. Outras vezes dizem que são carentes demais e exigentes. Não sei das outras mulheres, só sei de mim. E, sobre mim, digo que muitas vezes fui fria e sem coração, mas até hoje não sei como evitar um mecanismo cruel que faz com que todo cara que trato mal me adore, mas, quando gosto de algum, de repetente fico carente e ele pára de gostar de mim. Meus olhos mudam para uma espécie de visão em raio X, e começo a ver, em cada gesto que ele faz, que está me deixando; ver isso é doído. Por algum tempo até faço que não vi. Tento me convencer de que ele está preocupado com outra coisa, que sou carente, que invento coisas. Depois às vezes compro umas roupas, me arrumo, porque dizem, e parece verdade, que a mulher sempre decide: enquanto ela quer, ela segura o homem do lado dela. Só que chega um dia – quantas vezes? Quantas vezes vou ter que fazer isso? - chega um dia que a gente cansa. A gente simplesmente cansa (Sabina Anzuategui – Calcinha no Varal)

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