
A gente meio que acaba por entender muitas coisas. A gente que eu digo somos nós, do lado de cá da ponte. Mais do que entende, a gente compreende. Porque, sabe, a situação não é fácil pra ninguém. A gente consegue entender algumas das raivas que vemos pingadas pela cidade, quando é madrugada. E enquanto os culpados dormem trancados, os inocentes se culpam para sempre. E, no entanto, a gente entende. E a gente é foda, porque entender não é apenas aceitar. Entender é ter uma visão maior, daquelas que só a poesia, a beleza da luta, nós dá. E a gente acha foda e a gente paga um pau. Mas, mais do que isso, companheiro, a gente entende. Mesmo quando a situação chega bem pertinho, a gente não culpa. A gente bebe, fuma mais do que o normal, mas não aponta. E ai de quem falar mal dessa gente, que a gente tanto compreende. A gente se revolta. A gente se entende. A gente se olha e balança a cabeça repetindo para sempre que tudo podia ser diferente. A gente bebe mais, e foge mais, mas sempre entende. Por que isso é um dom? Afinal, o que tem demais na gente? E a gente não liga se o mundo não entende, pois, pra nós, o que importa é a gente. A gente e todo mundo que a gente entende. Daí, então, também vem as melodias. E as músicas, muitas vezes, também vêm de gente como a gente. Essa gente que entende. E não se contenta em ver tanta gente, precisando de outras "gentes", para só ser. Só ser gente.
Mas quando o problema é com a gente, a gente não usa de meios decentes. Porque parece que a gente não se compreende. E se a questão é questão de gente como a gente, a gente não sente igual. E fica sempre, como todo mundo que a gente odeia. A gente fica inconseqüente. A gente não entende. E é quando a ferida arde, que a gente nem quer saber quem está na frente. A gente quer mesmo é sair no pinote, saber ser mais forte, bancar o inocente. Porque parece que a gente não sente. E é estranho olhar como a gente fica diferente. Se o erro é com a gente, a gente não quer nunca ser prudente. A gente quer mais é fuder com o outro escandalosamente. Para que vejam o quanto a gente é gente da gente.
E é nessas horas que eu odeio ser gente. Quando sinto que entender "gentes" é não entender da gente. E é nessas horas, que eu penso em toda gente, que mal vê o mundo em volta, antes de apontar para a própria gente. E, cheia de razão, atira a mesma pedra, que ajudou a esconder do parceiro. E é aí que mora o perigo. E é aí que a razão, justo ela, que se envolve com tanta gente, a razão nos torna gente de lá. E a gente de lá são eles que vão se sentar ao nosso lado e dizer com um tapinha amistoso: sabia que um dia você viria. Como se já esperasse a covardia de nossa gente. E, assim, se satisfizesse com a própria gente. E não importa o poeta bonito que você foi. Se quando gente do seu lado, que ousou na luta, precisar de gente e você foi displicente. E eu arrisco dizer até mais: muitas táticas, de lutas a batalhas de guerra, afundariam por conta disso. Falta mais da gente. Mais compreensão com a gente. Falta entender. Falta listar tudo que a gente sente. E não se sentir inocente, nem culpado. Falta a gente poder ser condescendente? Com essa, que a nossa própria gente?
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