
Uma folha revirando surpresas,
grudada no suor de um tronco antigo,
é a palma estampada num quadro na sala de estar.
Nada resume ou divide a saudade do meu velho.
O meu velho engaiolava as horas na sacada e
soltava sobre mim um passaredo de instantes infinitos.
Eu alimentava os momentos com a mão,
enquanto eles cantavam e sacudiam as asas.
Meu velho sabia capturá-los. Meu velho sabia das coisas.
Meu velho era uma tocha fincada no meu vazio
e eu jamais precisei procurá-lo.
Meu velho era onipresente. Ele tinha voz de deus.
Meu velho tinha o coração vermelho,
e uma sangria desatada pelas aflições do mundo.
Ele era pelos vagabundos.
Meu velho era do balcão. Ele sabia entardecer.
Meu velho era bom de viver.
Meu velho tinha uma lei e que foi desrespeitada.
Mas não há de ser nada.
Tentaram me arrancar do meu velho.
Me encheram de falsas sequelas.
Eles não sabem que o meu velho é uma estrela
que vem pousar todas as noites na minha janela.
Renato M.
4 comments:
Gostei desse poema.Vc poderia dizer o sobrenome, queria saber mais desse autor.
Vc escreve lindamente, parabéns!
Abs
AHHH TÁ
hahahahaa o nome dele eh renato martins
vá ao blog do terreiro grande para maiores informações rsrs
Obrigada.
Renato, você não tem vergonha na cara de escrever isso?
Lamentável.
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