Thursday, May 03, 2007

2000 mil anos


Veio então o que a anos se escondeu. Brincávamos assim. De falar que amando a gente escrevia melhor, choramos lado a lado. E rimos muito também, mas, sabíamos que no fundo, não havia cura, para a tal doença vida. Ela veio e foi embora, mostrando que as juras, não tem valor. Mostrando que o que era pra valer, é o que se sucede e não, o que se promete. A vida demonstrou encanto, os caminhos opostos e hoje eu queria telefonar e dizer: fizemos tudo errado amiga. Fizemos tudo, nada viveu daquilo, nem os ideais, nem nossos homens, nem nossa amizade. Mas o mundo, cheio de encantos, veio e levou. Destinos turbulentos para achar a vida real, para achar o que vamos levar até o final. Ouvimos uma linda música que falava de nós mesmas, depois nos perguntamos e contamos todos nossos sofrimentos, ascendemos um cigarro e vimos o quão chavão é essa vida peculiar: Existe a beleza de ser um eterno aprendiz, existe uma vitória para cada um de si.E mil derrotas fantasiadas de risadas escrachadas.Um belo dia, você cai. E o tombo é tão feio que o mais difícil agora, é levantar sem tomar um copo de cerveja. O tempo urgindo na sua orelha e você fazendo de conta que ele ainda estaria por vir. O sol se pondo em uma finalmente tarde de frio. E todas as nostalgias possíveis daquelas de emocionar corações calejados, aqui. Você percebe pra onde gira o parafuso, entranhas são razões comedidas pelo silêncio da alma. E elas querem fugir. Você entende, mas não agüenta. Teve uma vez, que vi meu pai muito doente em uma cama de hospital, e eu disse, mesmo com ele já inconsciente, que o amava muito, falei bem alto; entendeu? Você esta me ouvindo? E com a cabeça, meu pai fez que sim. Depois, nunca mais nos falamos, e a vida ficou diferente, como só ela poderia. Você pode se guiar pelas pessoas ao seu redor. Você pode depender delas até seu final. Eu vi meus amigos indo embora, embora, embora e eu não fui com eles. Eu de longe brindei com um copo, e hoje, talvez faria tudo igual. Depois, vi os mesmos amigos fazendo a linha da vida seguir em frente, enquanto que eu, recuava a cada comentário que ouvia. Enquanto que eu me perdia na angústia e no vazio, fazendo com que a vertigem fosse necessária. Vi alguns amigos recuarem também; eu estava sentada na cadeira, e abri um sorriso largo e acolhedor, disse: sejam bem vindos novamente. E eles se sentiram mal. Eu já estava ali. O dia da queda foi o dia mais importante da minha vida. A insustentável leveza do ser talvez explique toda a fragilidade, mas ainda não entendo do meu vazio. O dia em que eu cai, era domingo pra segunda. Lembro que comprei o jornal na praia. Lembro. Foi um dia de sol e mar e de sorte no jogo. Azar meu. Depois eu lembro do mal estar na casa de Laura, depois eu lembro do cochilo bêbado no sofá e Leninha chegando-“dormeee doidão,mil fita acontecendo e ce aí, no bem bom-...Putz,que horas são?” Depois a queda, o coice: Carnaval. Todas as escolas passando pela avenida desfilavam minha tristeza.E eu chorei no telefone aquele dia, dizendo à Flávia que não ia voltar, que eu não agüentaria de tanta angústia. Ela entendeu. Em seguida, tudo foi recolhimento, foi como nascer de novo, eu juro. Foi como nascer de novo, andar de novo, falar de novo, amar de novo, tudo novo. E eu ainda estou aprendendo. O resgate de Jéssica: Passaram-se intermináveis três meses, todos me procuravam, e eu, alegava insanidade. Foram longas noites de recusa, de entendimentos. Foram longas noites e dias cinzas encolhida na parede chorando e gritando; faz parar! Faça tudo isso parar, por favor! Preciso de um sonho que se sonhe só: Um sonho só meu. É incrível, ele esta se realizando. E o fecho de luz que entra todo dia de manhã tem mais dourado que todos os feches somados de muitas vidas, até da minha vida, á alguns anos atrás. Resolvo aceitar viver de verdade, e é uma alegria só.

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